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Itacaré , Bahia, Brazil
Nesse blog, vou apresentar uma serie de estudos, textos, pesquisas e vivências que fazem parte do meu transito molecular, comumente chamado de vida. Iniciado no Budismo Vajrayana (Tibetano) aos 20 anos. Praticante de Iai do (4º Dan) .Graduado em Psicologia (UFMG - 11980) com formação em Psicologia Analítica. Socorrista (SAR) com especialização em resgate com helicóptero, em caverna e altura. Negociador junto a organizações militares em MG de suicídio com e sem armas letais, sequestro e cárcere privado. Clínica psicológica ininterrupta desde graduação. Amante da vida natural, moro em meio à Mata Atlântica na Bahia.
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terça-feira, 19 de janeiro de 2021

A Arte de Sonhar



Passamos nossa vida acreditando que este mundo ai fora é o mundo real e que nossos sonhos pertencem a uma categoria abstrata e, em alguma medida, intangível. Assim ocorre porque fomos programados para isso. Tivemos toda uma vida onde não foi dada a devida importância aos sonhos e à Arte de Sonhar (que é o emprego de um conjunto de práticas destinadas a nos capacitar a sonharmos conscientemente). Desta forma, sonho e sonhar são coisas diferentes. Um vem em nossa direção (sonho) e o outro é quando vamos na direção que desejamos (sonhar). Somos prisioneiros dos sonhos de nossa cultura, dos nossos pais e somos sistematicamente, desde a infância, afastados do nosso “sonhar”. 

  Assim é que nos metemos em mundos que desconhecemos ou, para dizer o mínimo, não nos atende em nossos anseios. E o que vem a ser esse anseio (ansiedade) senão alguma “memória” de um mundo que nos é familiar em alguma medida. Onde, ou como esse mundo me é familiar? Como eu posso ser tomado de “saudade” por alguma coisa, idéia ou pessoa que não conheço (neste estado de consciência), mas parece que conheço de alguma forma?

Falemos um pouco dos sonhos.

Os sonhos têm sido tratados por alguns como meros dejetos da mente, como se fossem subprodutos que devem ser rejeitados pelos processos mentais, mal comparando, como se fora a bílis para o fígado. Tais que assim pensam – e não são poucos – confundem o sonho com o resultado da fisiologia cerebral (?).

Para Freud e seus seguidores o sonho seria como uma realização disfarçada dum desejo sexual recalcado. Para este autor, os sonhos seriam “fachadas” a esconder conteúdos que não poderiam ser expressos explicitamente na dimensão consciente. É como se fossem sinais ou seja, maneiras de exprimir coisas que poderiam ser expressas de outros modos, por ex.: caverna significaria seio materno, touro significaria pai, espada – pênis, o que levou a uma descrição fixa e reducionista e consistente com apenas uma possibilidade de significação. A função deste sinal, para Freud seria permitir que a “censura” consentisse que o conteúdo latente se revelasse.

Na Índia temos a descrição de que o mundo existe porque um de seus deuses “sonha” o mundo. (Vishnu)

Somos um corpo físico e um corpo energético. O corpo físico é por demais conhecido (ao menos achamos assim) e quanto ao corpo energético, este então nos é de todo desconhecido, ao menos no que diz respeito à sua forma de existir – embora em inúmeras vezes sintamos sua presença e manifestação - e como podemos usá-lo conscientemente. Como associamos o corpo físico ao mundo ao nosso redor, nós o usamos com uma certa desenvoltura e acreditamos que o mundo que existe ao nosso redor está aí para ser vivido e desfrutado segundo as limitações que ele nos impõe, por exemplo, podemos andar sobre a relva, ver o sol nascer, sentir a chuva, comermos maçãs,  mas não podemos caminhar sobre as águas. Por quê? Porque aceitamos simplesmente que as coisas se dão dessa forma preestabelecida que diz: não se pode andar sobre as águas. Ao longo da história da humanidade isso nos foi dito e aceitamos sem pestanejar e nem mesmo nunca tentamos andar sobre as águas. Porque não tentamos faze-lo? Porque acreditamos que tal não pode acontecer pois isso nos foi ensinado e vem sendo ensinado a milhares de anos. Já vimos alguém andar sobre as águas? Não, e mesmo que tivéssemos visto deixaríamos isso por conta de uma alucinação. Mas não quer dizer que tal não possa acontecer de forma absoluta. Pelo fato de não ter sido experimentado por nós, nos assegura de sua “impossibilidade”. 

Muitos não conhecem o Tibet, mas muitos sonham com o Tibet e são capazes de jurar que lá é um lugar mágico, encantado e cheio de coisas misteriosas. Porque isso se dá? Porque muitas histórias foram contadas a respeito e muito foi dito a respeito sobre os homens e mulheres que moram naqueles paramos e sobre seus poderes “miraculosos”.

Nossa situação de vida nos foi ofertada pelos que nos antecederam e nos ensinaram a dizer que é assim que as coisas devem ser.

No entanto vemo-nos às voltas com “sonhos” que nos mostram outras realidades, outras possibilidades, outros feitos. Em sonhos realizamos aquelas proezas fantásticas que só admitimos como pertencendo ao mundo dos sonhos ou aos tibetanos... e aqui começa nossa jornada, sermos capazes de “sonhar” os sonhos que quisermos e faze-los tão reais quanto estas linhas que você está lendo. 

Nós podemos moldar as circunstâncias de nossa vida de maneira que atendam às nossas especificações. O difícil aqui vai ser convencer o individuo que ele pode fazer isso, mostrar que ele pode entrar nesta estranha realidade, bastante diferente da realidade à qual ele está acostumado.

Se nos lembrarmos de algum grande feito que tenhamos realizado e que, em algum momento era dado como impraticável e que, depois de algumas tentativas e de séria intenção conseguimos realiza-lo, poderemos começar a apreender o significado da arte de sonhar. Tal era nossa convicção que conseguimos passar por sobre barreiras que antes nossa consciência determinou como intransponíveis.

Moldar nossa situação de vida é moldarmos nossa consciência de como estamos vivos. 

Tudo se resume, em ultima instância à maneira como organizamos o nosso mundo e o nosso viver nele e o cristalizamos. Memórias e emoções são atributos importantes nesse processo.

O nosso corpo energético é que se encarrega de distribuir a nossa energia pelos mundos físico e dos sonhos, e como passamos a maior parte do tempo conscientes apenas enquanto estamos acordados, sobra-nos muito pouca energia para estarmos conscientes enquanto sonhamos. 

Isso mesmo, podemos ficar conscientes durante o sonho e nisso consiste a arte de sonhar dos monges, dos feiticeiros e de outros homens e mulheres de poder.

O que vem a ser a socialização senão a repetição exaustiva de conceitos até que eles se tornem reais e aceitos. Esta repetição é a maneira pela qual nossos pais e a cultura nos socializaram para funcionarmos no mundo cotidiano, sem aviltarmos nada e nem incomodarmos ninguém se, por exemplo, resolvêssemos caminhar sobre as águas ou voássemos como os pássaros. Seria muito confuso e ameaçador para a cultura e para nossos pais se começássemos a fazer coisas que não estão em seu repertório reconhecido e aceito. Como lidariam com isso? Como explicariam para o vizinho que o filho deles fica voando pelo quarto e a filha sai voando (literalmente) pela janela sempre que tem vontade de se encontrar com o namorado? Mas não é isso mesmo que fazemos quando queremos fugir dos grilhões sociais e da família? A diferença é que ficamos deitados na cama sonhando que estamos fazendo aquilo e nos damos por satisfeitos (mas a sensação de incompletude permanece profunda e a sensação de frustração nos assola).

Entretanto quando temos uma intenção forte e determinada, somos capazes de desescalar as paredes de nossa casa e voarmos na direção de nosso sonho. Tais situações têm poder pessoal bastante para nos motivar. O desejo de liberdade, o desejo de nos encontrarmos com a pessoa amada, o desejo de irmos para aquele lugar proibido, nos confere uma disposição e energias que, tradicionalmente permanecem adormecidos. Aí está. Anseios profundos vindos de regiões do corpo energético nos confere capacidades, não raro, muito além das expectativas que temos de nós mesmos a ponto de realizarmos feitos “miraculosos”. Quem nunca ouviu ao menos um relato de, em caso de algum acidente que uma mãe foi capaz de levantar um móvel, ou mesmo um veiculo para dali tirar seu filho que corria risco de morte? De onde veio tal força? Da completa focalização da atenção da mãe sobre seu desejo e a isso chamo de INTENÇÃO. Não há nenhum desvio da atenção para a consecução de determinado objetivo. Não há nenhum desvio da energia. Toda ela é concentrada para se intentar o feito. Neste momento está demonstrado o que eu chamo aqui da arte de sonhar. Naquele momento do acidente a mãe ou o pai “sonhou” com outra realidade que não aquela que se escancarava à sua frente e foi capaz de constelar energia suficiente para criar outra realidade, qual seja, a do filho fora dos escombros ou de debaixo do veiculo. E os exemplos podem se estender às centenas. Nós mesmos já passamos por várias desta situações, mas como não temos poder pessoal para validarmos ditas experiências elas passam apenas a serem partes de uma lembrança curiosa, conquanto irrefutável.


Trabalhar com a arte de sonhar é apenas a forma como os homens de poder “lubrificam” os canais por onde essa energia, oriunda do corpo energético, flui para o nosso mundo mais consciente e, destarte, criar uma cadeia de escolhas de comportamento ao lidar com o mundo, escolhas muito mais adequadas e inteligentes do que aquelas que nossos pais e predecessores nos ensinaram. 

Estas novas escolhas destinam-se a recompor nossas vidas, alterando nossas reações e ações básicas com relação ao estarmos vivos.

O sonhar tem uma esfera própria. Em nada se parece com o que conhecemos até hoje tradicionalmente como sonho. 

Tudo no universo é energia, vibração. Energia pura e fluindo livremente e preenchendo todo o espaço e aqui e acolá condensadamente, formando corpos que são tangíveis no espectro de realidade em que vive o ser humano comum. Alguns animais percebem realidades para alem da dimensão em que o homem foi treinado a enxergar e aceitar e reagem à ela de forma inexplicável pelos cânones normais, mas não constituindo nenhuma surpresa para aqueles que conhecem as dimensões infinitas dos campos de energia mais sutis que constitui o que chamamos de universo...e nós não somos parte deste universo, somos o próprio universo manifesto e ativo.


Para o budismo, o ato máximo do ser humano é alcançar um estado no qual ele transcende o aspecto ilusório da dualidade e assim se reconhece como UNO com o universo. Em tempo, budha é um verbo na língua indo ariana que significa despertar, ou melhor definindo "aquele que sabe". Estamos aqui falando da mesma coisa. Transcender os limites impostos pelo corpo físico e sua cultura social significa penetrar no universo da energia existindo em sua forma plena, pura e fluida. A recente escola de Copenhague, a da Mecânica Quântica traz novas luzes sobre estes fatos já, fartamente sabidos, experimentados e corroborados por escolas e sociedades de mistérios e grupos de feiticeiros e monges em todos os rincões da terra. A mecânica quântica é um novo modelo para se pensar o universo, elas não nos fala de fatos, mas de possibilidades de tais fatos ocorrerem e sempre a partir da influência do observador. Será que neste caso, observador e sonhador consciente seriam sinônimos??? Falo aqui dos cientistas quânticos por se tratar da opinião daqueles que, tradicionalmente, são os detentores do conhecimento mensurável e, portanto, aceitável. É uma nova ordem de monges e feiticeiros modernos que, ao invés de estarem na mata e nos templos fazendo cerimônias, estão em seus laboratórios realizando suas experiências que, ao olhar de outros teóricos, podem parecer extremamente esotéricas também. Feiticeiros da nova era.