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Itacaré , Bahia, Brazil
Nesse blog, vou apresentar uma serie de estudos, textos, pesquisas e vivências que fazem parte do meu transito molecular, comumente chamado de vida. Iniciado no Budismo Vajrayana (Tibetano) aos 20 anos. Praticante de Iai do (4º Dan) .Graduado em Psicologia (UFMG - 11980) com formação em Psicologia Analítica. Socorrista (SAR) com especialização em resgate com helicóptero, em caverna e altura. Negociador junto a organizações militares em MG de suicídio com e sem armas letais, sequestro e cárcere privado. Clínica psicológica ininterrupta desde graduação. Amante da vida natural, moro em meio à Mata Atlântica na Bahia.
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021




Budismo Tibetano




  

Padma-Sambhava

Quando o Buda estava para falecer, em Kushinagara(1), e os seus discípulos choravam, Ele lhes disse: "Sendo o mundo transitório e a morte inevitável para todas as coisas vivas, chegou o tempo da minha partida. Mas não choreis, pois doze anos após minha partida, de uma flor-de-lótus, no Lago Dhanakhosa(2), no canto noroeste do país de Urgyan(3), nascerá aquele que será mais sábio e poderoso espiritualmente que Eu mesmo. Ele se chamará Padma-Sambhava(4) e a Doutrina Esotérica, o Tantrismo, será estabelecida por Ele".


Toda obra consagrada ao estudo de uma doutrina filosófica ou de uma religião começa, geralmente, pela biografia de seu fundador. Embora o budismo primitivo tenha se mostrado extremamente desprovido de curiosidade pelas circunstâncias particulares e pessoais da vida do Buda e muito apartado de tudo o  que nele não dizia respeito à pregação da Lei, nós seguiremos o costume. Todavia, antes de abordar este tema, convém definir claramente a palavra Buda, tão erroneamente interpretada pela maioria dos ocidentais. 

Parece supérfluo declarar que o termo Buda não é um nome próprio: jamais deve se dizer Buda, mas o Buda. 

Buda é um qualificativo que define o estado espiritual daqueles que conquistaram o Bodhi, isto é, o conhecimento superior e total. Inúmeras traduções foram propostas nas línguas européias. Elas tentaram, no que concerne ao francês, inutilmente resumir em uma única palavra o sentido exato que se tratava de reproduzir. "O Despertado", "O Iluminado", "O Sábio" nos deixam longe da idéia absolutamente precisa expressa pelos hindus. O Buda é, literalmente, "Aquele que sabe". Esta tradução em forma de perífrase é, aliás, adotada pelos orientalistas modernos. É encontrada na obra do professor Oldenberg (Le Bouddha, sa vie, sa doctrine, sa communauté. Traduzido do alemão por  P. Foucher, professor na Sorbonne. Prefácio de Sylvain Lévi, professor do Collège de France), que propõe, simultaneamente, uma outra forma destinada a exprimir a mesma idéia: "Aquele que despertou". A simplicidade da primeira forma, a maneira pela qual ela exprime, sem ambigüidade, o valor exato da denominação, deve, creio eu, fazer-nos preferi-la a qualquer outra. 

O fundador do budismo não detém a posse exclusiva do título de Buda. Os budistas admitem que, no decorrer dos séculos, outras personagens atingiram este eminente estágio de evolução. As lendas da Escola Setentrional nos dão até seus nomes. São vinte e quatro, dos quais o primeiro foi Dipankara, muito venerado na Igreja Lamaica. Entre os predecessores do Buda histórico, os seis últimos são particularmente mais conhecidos. São chamados respectivamente: Vipacyi, Cikhi, Viçvabhu, Krakucchanda, Kanakamuni e Kacyapa. O fundador do budismo, Gautama, situa-se depois de Kacyapa e seu sucessor previsto é Maitreya. Os cinco Budas, de Krakucchanda a Maytrea, são considerados como pertencentes ao período atual da Terra. Seus antecessores viveram em outras idades do mundo.(Esta explicação é dada aproximadamente, na impossibilidade de expor aqui as teorias das seitas místicas sobre o assunto. Com exceção do Buda Gautama ,nenhum dos cinco budas, que se diz pertencerem ao ciclo atual da Terra, tem existência histórica.). 

As explicações precedentes bastarão, sem dúvida, para compreender a situação exata do Buda no budismo. Ela não é única e nada tem de sobrenatural. Se a doutrina original ignora estas como que dinastias de budas, a idéia de que o Bodhi foi no passado e será no futuro conquistado por outros, além de seu fundador, está absolutamente sedimentada. 

Fica então bem claro o quanto é errônea a opinião daqueles que consideram o Buda como o Deus dos budistas. Veremos mais adiante o lugar que podem ter um Deus ou deuses no espírito dos budistas, mas, desde já é necessário rejeitar a idéia de assimilar o Buda a uma divindade qualquer e de ver nele algo mais do que um homem muito superior, sábio entre os sábios, mas puramente humano, um modelo muito perfeito que cada um de nós pode reproduzir, como ele próprio nos exorta, mas nunca um protetor supraterrestre e um distribuidor de graças miraculosas. 

 


Marcus Vinicius Moreira de Assumpção 

mi bsKyob pa Vanaprastha


(1) Kushinagara, o lugar do Pari-Nirvana do Buda, fica a cerca de trinta e cinco milhas a leste da moderna Gorakpur. Kushinagara quer dizer "Cidade (ou lugar) da erva Kusha", uma erva sagrada para os ioguins.

(2) De acordo com alguns relatos, o Lago Dhanakhosa ou, como também é chamado, o Lago do Lótus (em tibetano: Tsho-Padma-chan) fica perto de Hadwar, nas Províncias Unidas da Índia, embora geralmente seja dito que ele fica no pais de Urgyãn ( ou Udyãna).

(3) Dizem que Urgyãn correspondia ao país perto de Gazni, ao noroeste de Cachemira.

(4) "O Nascido do Lótus".